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Polícia estuda identificar ao menos 20 pessoas de injúrias raciais no jogo Santos x Grêmio

A Polícia Civil já identificou duas pessoas suspeitas de injúrias raciais durante a partida de Grêmio e Santos, em Porto Alegre, na última quinta-feira (30). O reconhecimento das identidades foi feito a partir de imagens cedidas pela imprensa. Já o clube diz que identificou 10 torcedores pelas câmeras de segurança do estádio, sendo que cinco deles teriam alguma ligação com os xingamentos feitos ao goleiro Aranha. Dentro desse grupo, o clube excluiu duas pessoas do quadro de sócios.

Na sexta-feira (29), um ofício foi encaminhado pela polícia ao Grêmio solicitando os vídeos. O acesso às imagens do circuito interno de câmeras de segurança da Arena será essencial para indicar quem foi protagonista das ofensas, partidas do setor da geral.

O delegado titular da 4ª Delegacia de Polícia, Herbert Moura Ferreira, diz que na segunda-feira (1) intimações serão encaminhadas aos dois suspeitos. "Além disso, vou pedir ao Grêmio as identificações das outras pessoas. Eles têm esse acesso a partir da torcida organizada, quadro de sócios, e em cima das imagens", pontuou Ferreira ao G1.

A investigação do caso já prevê indiciamentos criminais, mesmo sem ter tomado os depoimentos. Os delegados que atuam no caso projetam que até 20 pessoas podem ter participado das agressões verbais. A possibilidade de pedidos de prisões, a curto prazo, também é cogitada.

"Há uma forte expectativa de que eles sejam indiciados. Creio que a Promotoria Especializada do Torcedor irá oferecer denúncia contra os envolvidos", disse o delegado Tiago Baldin, um dos responsáveis pelo inquérito.

À espera de novos elementos da polícia, o promotor José Francisco Seabra, designado para atuar na Promotoria do Torcedor no Rio Grande do Sul, ressaltou que aguarda as investigações e uma notificação oficial sobre a manifestação de Aranha à 4ª Delegacia de Porto Alegre. A partir disso, ele anuncia que irá ingressar com uma representação criminal contra os torcedores identificados.

O Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul também estima que irá definir em até sete dias se aplicará punições à torcida organizada Geral do Grêmio, de onde partiram os gritos racistas. Em depoimento, o goleiro relatou que as agressões tiveram origem na torcida.

Jogo de volta suspenso
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro Aranha tiveram mais um desdobramento no fim da noite de sexta-feira. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) acatou pedido à Procuradoria de Justiça Desportiva e suspendeu o jogo de volta entre as duas equipes, na próxima quarta-feira (3), até que o caso seja julgado. No primeiro duelo, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0.

O julgamento ocorrerá na próxima quarta. O Grêmio responderá por ato de discriminação racial por parte de torcedores, além do arremesso de papel higiênico no gramado e atraso. O clube corre risco de exclusão na Copa do Brasil e multa de até R$ 200 mil. A denúncia se apoia no artigo 243-G (discriminação racial) e no 213 (arremesso de objeto em campo), ambos do CBJD. O clube responde ainda ao artigo 191 por descumprir o regulamento e entrar em campo três minutos após o horário previsto.

Arbitragem também denunciada
Na primeira versão, o árbitro Wilton Pereira Sampaio não incluiu na súmula da partida menção a atos racistas na Arena. Após analisar as imagens da partida, o juiz colocou um adendo no qual informou ter ficado ciente do caso por meio da imprensa e que ainda fora informado por atletas do Santos. Desta forma, Pereira Sampaio, além dos assistentes Kleber Lúcio Gil e Carlos Berkenbrock e o quarto árbitro Roger Goulart, foram denunciados por infração aos artigos 261-A e 266, ambos do CBJD. Todos estão sujeitos a suspensões de até 90 dias e 360 dias, respectivamente.

O ato de injúria racial partiu da arquibancada posicionada atrás da meta defendida pelo goleiro Aranha, e levou o camisa 1 do Peixe a paralisar a partida, aos 42 do segundo tempo, para reclamar a Wilton Pereira Sampaio. O canal ESPN flagrou uma torcedora gritando "macaco" em direção ao goleiro, atitude que gerou grande revolta nas redes sociais.

Jovem foi afastada do trabalho após episódio na Arena do Grêmio (Foto: Reprodução/ESPN)

A jovem é um dos dois sócios que serão excluídos do clube e apontada como suspeita pela polícia. Patrícia Moreira foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar, onde prestava serviços de auxiliar de odontologia, sendo funcionária de uma empresa terceirizada. O G1 tenta contato com ela.

Sobre o segundo suspeito de cometer os atos de injúria racial, a polícia informou que não vai divulgar seu nome.

O goleiro Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre na sexta-feira. "Precisamos combater o racismo enquanto ele ainda está em um nível combatível. E quando falo de racismo é em todas as áreas, todos os gêneros, de raça, de cor, de religião. Temos de ser mais próximos, mais solidários um com um outro, e sempre que percebermos uma atitude ou o início de uma atitude dessas temos de combater desde o começo", disse o jogador.

G1

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