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Violência: a cada três dias, pelo menos uma mulher é estuprada em Fortaleza

De janeiro a agosto de 2014, só a Capital registrou 80 casos de estupro. Número deve ser maior por causa das vítimas que não denunciam

Para a moça, foram oito ou dez minutos que duraram a eternidade. Eram 20 horas de uma quarta-feira em que “tudo estava dando certo” e ela saía da aula na faculdade. Foi parada na rua Barbosa de Freitas, na Aldeota, por um pedido de informação que terminou com roupas rasgadas, hematomas no corpo e o trauma de um estupro. A jovem se junta a outras 323 mulheres que este ano, até agosto, sofreram violência sexual no Ceará, segundo estatística da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Delas, 80 foram na Capital: uma média de um caso a cada três dias.

Por semana, a média supera os nove casos no Estado. O número, entretanto, pode ser bem maior. O fato de o estupro ser um crime de ação penal condicionada (depende da queixa da vítima) pode contribuir para o baixo número de denúncias, apontam especialistas. A vergonha e o trauma da violência são os principaisfatores que contribuem para a possível subnotificação.

No 2º Distrito Policial (DP), onde o caso está sendo investigado, há outra denúncia com o mesmo perfil de agressor, esta como tentativa. Segundo a delegada Maria do Socorro Portela, titular do 2º DP, já foram solicitadas imagens da região para tentar identificar o suspeito.

Para a delegada Rena Gomes Moura, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o fato de o estupro poder ser denunciado e investigado em qualquer DP, de acordo com a área da ocorrência, dificulta o controle das estatísticas do crime. “Seria bom que a mulher viesse para a DDM pelo menos para o primeiro atendimento”, sugere, como forma de garantir um acolhimento diferenciado. Ela lembra ainda que seria importante que as delegacias distritais já oferecessem estrutura voltada para o acolhimento desse tipo de vítima.

Violência

Apesar de O POVO ter solicitado na terça-feira, 30/9, a SSPDS não divulgou os dados de estupro divididos por mês. Ainda assim, é possível observar que, em oito meses, tanto o Ceará quanto a Capital têm índices menores que nos dois anos anteriores. A professora Maria Helena de Paula Frota, coordenadora do Observatório de Violência Contra a Mulher (Observem), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), aponta o aumento do protagonismo feminino como um fator importante para a queda. “A nossa impressão é de que as mulheres têm se tornado mais conscientes e denunciado mais. Quando elas denunciam, (o índice) diminui”. Na avaliação dela, entretanto, os números ainda são altos.

Ainda que já seja possível observar um crescimento da conscientização, resta muito a fazer para sensibilizar um número maior de mulheres, segundo Maria Helena. Um passo inicial, ela aponta, é promover campanhas permanentes contra a violência sexual. A punição efetiva também é importante, além da coragem da vítima. A titular da DDM frisa: “A denúncia é importante para que a gente possa identificar e prender o agressor, senão ele nunca vai parar. Ele continua praticando até ser preso, e o intervalo vai diminuindo de uma vítima para outra”.

O POVO não divulga o nome da vítima para não atrapalhar a investigação do caso. Entre as mulheres buscadas pela reportagem, ela foi a única que aceitou dar um depoimento

Fonte: O Povo
foto ilustrativa google

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