(FOTO: TV Jangadeiro/Marcos Dublê) |
Estatística é maior do que o número de soldados mortos na Guerra do Iraque
O número de homicídios registrados no Ceará nos últimos sete anos e oito meses, durante o governo Cid Gomes (Pros), é assustador. Um verdadeiro cenário de guerra. Diariamente, vê-se jovens morrendo em decorrência de dívida de drogas, roubos seguidos de morte e crimes passionais, seja na capital ou no interior. Situações que, para alguns, já parecem banais.
De janeiro de 2007 a agosto de 2014, foram contabilizados 22.605 crimes violentos letais e intencionais no estado, incluindo homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Para cada morte violenta registrada nesse período, a relação entre investimento e número de mortes é de R$ 7,5 mil por óbito. Somente neste ano, 2.963 vidas foram interrompidas em razão da insegurança no estado.
Os dados podem ser comparados ao de militares mortos em combate na última Guerra do Iraque, iniciada em março de 2003 e encerrada em dezembro de 2011. O Tribuna do Ceará fez um levantamento e constatou que foram registrados 22.605 homicídios no estado (sendo 2.890 por ano). A estatística é maior que o número de soldados mortos durante os oito anos e nove meses do confronto no Iraque, de todas as nações em combate, com 21.428 (sendo 2.448 por ano).
Conforme dados do Mapa da Violência e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o número de homicídios no estado só aumenta. Em 2007, foram 1.936 crimes de morte. Em 2013, o número subiu 130%, com 4.462 homicídios. Ou seja, um homicídio a cada duas horas no Ceará.
Gastos com Hilux
Portal da Transparência
As estatísticas de crimes aumentam assim como os gastos com viaturas da Polícia Militar, Civil e Corpo de Bombeiros. Segundo o Portal da Transparência, em contratos da SSPDS foram desembolsados R$ 169.836 milhões em viaturas 4×4, modelo Hilux. Acreditando que o investimento em carros de luxo diminuiria o problema da insegurança no Ceará, ao todo foram comprados 886 veículos. Os milhões consumidos não incluem a manutenção dos mesmos. As Hilux compradas para a Polícia Militar causaram polêmica do início ao fim do governo de Cid Gomes.
Em setembro deste ano, durante cerimônia de entrega de 155 novas viaturas da PM, Civil e Corpo de Bombeiros, Cid comentou sobre o “cemitério de hilux”, um galpão localizado no Bairro Ancuri, na qual estavam alocadas mais de cem viaturas da Polícia Militar abandonadas por falta de manutenção. O fato, porém, é que – na época – quando foi justificar a compra dos 4×4 da Toyota, um dos argumentos governistas era a durabilidade, que acabaria gerando economia ao Estado. Não foi o que aconteceu.
Em sua página no Facebook, o governador assumiu o sucateamento dos veículos. “Carros não duram para sempre e precisam ser descartados e substituídos. É isto que fazemos: os veículos sucateados foram leiloados e todas as viaturas do Ronda de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Pacajus, Juazeiro e Sobral foram substituídas por novas”, publicou.
Enquanto o investimento em veículos não reduz os números da violência no Ceará, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014 previa despesas de R$ 21,3 bilhões para todas as áreas do estado, e apenas R$ 1,3 milhão foi reservado para o Programa de Enfrentamento às Drogas, rubrica que reúne ações de várias secretarias. Cid, mesmo sabendo que grande parte dos crimes de homicídio tem relação com drogas, não deu prioridade ao assunto. “Menos do que quatro Hilux em todo o ano”, reclamou Heitor Férrer (PDT) no início do ano.
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Sem saber o que fazer, a população clama por segurança. O ex-policial militar Darlan Menezes,expulso da corporação por ter distribuído um livro de sua autoria contra a militarização da polícia, afirma que o grande problema é o fato de a categoria usar mais truculência do que inteligência. Violência gera violência.
“Passei 13 anos na Polícia Militar, e entendi que a polícia tem que se antecipar ao crime. O militarismo só prega o ataque. É preciso usar mais o cérebro do que o braço”, explica. “Tem tanta arma por aí, a corrupção é tão grande. O governador pode investir o dinheiro que for, mas não vai funcionar. A polícia é bipolar: ela tem uma cara civil e uma cara militar. O sistema só vai funcionar se tiver uma polícia mais humana”, acrescenta.
Epidemia
Em Fortaleza, houve crescimento de 18,4% na quantidade de assassinatos, comparando 2012 e 2013. Apenas no ano passado, a capital cearense registrou 2.017 casos, respondendo sozinha por 45,2% do total de mortes violentas no Estado. A cidade foi considerada a 13ª mais violenta do mundo em 2013. No ano seguinte, já pulou para a 7ª colocação.
Tribuna do Ceará
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