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Médica de grupo anti-PT minimiza holocausto a nordestinos: 'é revolução do agir'

Uma das administradoras da comunidade "Dignidade Médica", revelada nesta terça-feira (7) por pregar holocausto contra nordestinos, afirmou à reportagem que o grupo com quase 100 mil usuários é um espaço reservado aos médicos para "desabafos". Patricia Sicchar, que se declara médica da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus em perfil da rede social, diz que houve uma interpretação errada para o termo “holocausto” – que nada teria de violência física, mas indicaria uma mudança de postura política. "Holocausto é uma revolução do agir. Nada do que vocês [jornalistas] entendem."

Questionada sobre o conteúdo da página e os ataques diretos contra a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, Patricia interrompe: “Não somos contra a Dilma, somos contra a Bandilma”. Para a médica, tudo que pode soar como grosseria ou ofensas preconceituosas são “apenas desabafos”. “Ali se formou um grupo de consciência política que surgiu pelos piores meios”, explica ela, atribuindo ao atual governo federal todas as frustrações da classe médica.

Leia os comentários da página "Dignidade Médica" no Facebook:


Postagens do grupo 'Dignidade Médica' no Facebook com citações preconceituosas e discurso de ódio . Foto: Reprodução

Além do forte conteúdo contra nordestinos, recepcionistas, enfermeiros e eleitores do PT, muitos usuários, que se declaram profissionais da medicina, confessaram fazer campanha pelo candidato Aécio Neves (PSDB) nos próprios consultórios – públicos ou privados. “Consultório é um ambiente livre. Vocês [a imprensa] querem controlar o que digo aos meus pacientes também?”, rebate Patricia. “Nosso papel é informar que o paciente não tem remédio por causa do governo e que ele não vai operar pelo SUS por causa do governo.”

Após a publicação do conteúdo da página no iG, os administradores trocaram a foto de capa da comunidade, que estampava “Fora Dilma e leve o PT junto”, pela imagem com um estetoscópio com a frase “Dignidade Médica”. Além disso, ao menos 500 usuários deixaram o grupo. Um outro médico administrador, que pediu para não ser identificado, disse que a mudança na foto foi necessária para evitar novas invasões de perfis fakes, “criados provavelmente para desmoralizar o grupo”. “Queremos evitar polêmica e invasões. Nosso grupo não faz propaganda, é um grupo para discussão entre médicos”, defende.

Perguntado se há pluralidade de opiniões dentro do grupo, como a presença de médicos pró-PT, por exemplo, o segundo administrador afirma que eles poderiam se manifestar dentro da comunidade, "desde que seguindo as regras". "Apesar de não conhecer nenhum médico pró-PT ou Dilmista", garante, ressaltando que caso houvesse os debates poderiam ser construtivos.
Reprodução
Após reportagem do iG, administradores trocaram foto de capa da comunidade 'Dignidade Médica'

Para participar, os administradores exigem uma comprovação da formação médica e impõem dez "regras básicas". Entre os mandamentos do DM, estão proibidos a propaganda pessoal, de clínicas ou de serviços, o desrespeito entre colegas e o respeito ao foco principal do grupo. Segundo a regra número seis, "o foco principal não é discussões cientificas nem sobre Ciência Médica, mas sim a realidade da nossa causa atual, a urgente necessidade de resgatarmos nosso valor profissional, a remuneração digna, o respeito com o médico, melhores condições de trabalho e a união da classe".

Nota de repúdio anônima

Mais cedo, por volta das 15 horas, o iG recebeu por e-mail uma nota de repúdio ao portal. Apócrifo, com endereço de e-mail inválido e número de contato telefônico falso, o autor citou que o grupo de médicos, “cidadãos de bem”, se sentiram “atingidos em nossa honra” pela reportagem publicada. A reportagem tentou entrar em contato com os 13 administradores do grupo, mas até a publicação desta reportagem, apenas dois responderam.

Leia abaixo a íntegra da nota de repúdio ao iG:

“NOTA DE REPÚDIO À MATÉRIA ELEITOREIRA E SENSACIONALISTA DO PORTAL iG SOBRE A COMUNIDADE DIGNIDADE MÉDICA

Todos nós, médicos, cidadãos de bem, honrados e trabalhadores, nos sentimos ultrajados e atingidos em nossa honra pela espúria reportagem publicada ontem no portal iG e republicada por sites satélites que insinua de maneira falaciosa que todos os membros dessa comunidade estariam defendendo "holocausto" de nordestinos.

A matéria, infeliz do início ao fim, se alimenta de blogs apócrifos que por sua vez utilizam-se de postagens falsificadas e grosseiramente adulteradas e as toma como plena verdade dos fatos, sem ao menos procurar esta comunidade no intuito de oferecer uma versão de defesa, jogando na lama o nome de toda uma categoria profissional com acusações absurdas e inverídicas.

Asseguramos que nenhuma dessas postagens apócrifas saiu de dentro desta comunidade e, inclusive, estamos descobrindo alguns perfis falsos associados às mesmas, numa operação casada que tem como alvo atingir o candidato da oposição à Presidência, a categoria médica que se uniu contra os desmandos do atual governo e esta comunidade em particular, alvo da inveja da patrulha virtual do partido no poder.

Nós reiteramos aqui nossos sentimentos de repúdio a qualquer manifestação de cunho racista, preconceituoso, não permitimos isso e queremos deixar bem claro o nosso mais absoluto orgulho de poder aqui, conviver com nossos colegas do Nordeste, Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Solicitamos que os autores das matérias jornalísticas, que não cumpriram seu ofício ao publicar como verdade matérias de blogs anônimos, que ao menos se retratem e publiquem esse direito de resposta, para o restabelecimento da verdade dos fatos.

GRUPO DIGNIDADE MÉDICA – FACEBOOK”

IG

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