Fonte: Sistema Paraíso |
A ofensiva teve início após análise dos dados telefônicos de um indivíduo apontado como chefe de facção criminosa, em Granja.
Sargento teria vendido ou intermediado venda do armamento a homem apontado como chefe de facção em Granja. Atuação do grupo com o jogo do bicho também foi identificada
Entre as pessoas presas na operação Captum, deflagrada em municípios do Interior Norte do Estado, está um policial militar suspeito de vender armas para um homem apontado como chefe de uma facção criminosa que atua em Granja. O Ministério Público Estadual (MPCE) ofertou à Justiça denúncia contra os dois e outras 22 pessoas investigadas na operação.
A ofensiva teve início após análise dos dados telefônicos de José Joaquim Benício Lopes, conhecido como Nem do Parazinho, apontado como chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no distrito de Parazinho, em Granja.
A extração de dados feita pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) permitiu que os policiais tivessem acesso a conversas que José Joaquim manteve com o sargento Francisco Agildo de Souza.
Nas mensagens, Agildo aparece enviando fotos de armas de fogo que ele estaria comercializando ou, então, intermediando a comercialização. Entre as armas oferecidas estava uma pistola calibre 9mm e revólveres.
Em um dos áudios que Agildo enviou para José Joaquim, ele diz que uma arma foi postada no “grupo da Polícia” e que iria ver com o dono por quanto sairia a venda. O sargento ainda diz que precisaria colocar o Certificado de Registro de Arma (Craf) em seu nome antes de efetuar a venda para José Joaquim.
Em outro áudio, o sargento aparece orientando José Joaquim a dizer à pessoa que vende a arma que é um amigo dele, policial, quem está interessado na compra.
Em uma outra conversa, Agildo diz que o revólver que venderia a José Joaquim “já é do foguete” e que não seria preciso raspar a numeração da arma. Em seguida, ele envia mais um vídeo de um revólver e afirma que “mandou arranjar mais (armas)”.
A Draco fez pesquisas de registros de ocorrência envolvendo o PM e constatou que ele registrou três boletins de ocorrência informando supostas perdas ou extravios de armas.
“Restou comprovado que o acusado facilitava a comercialização de armas de fogo para José Joaquim Benício, de modo que, em algumas situações, registrava a arma em seu nome, porém, registrava boletim de ocorrência dizendo ter extraviado a arma de fogo a fim de não ser responsabilizado”, afirmou na denúncia o MPCE.
Outras conversas no celular de José Joaquim levaram a Draco a crer que o PM também comprava drogas com o faccionado. Em uma das conversas analisadas, o analista da Draco assinalou que Agildo pediu para que José Joaquim “fizesse por 140”, pois ele “tem que ganhar também, deixando claro que compra mercadoria de José Joaquim e revende, muito provavelmente, droga”.
“Constatou-se pelo teor dos diálogos que o ora denunciado se vale da condição de policial militar para promover a organização criminosa Comando Vermelho”, afirmou o MPCE.
Entre os 25 denunciados na operação Captum, além de Francisco Agildo e José Joaquim, está um homem que é apontado como uma das principais lideranças do CV no Estado: João Vitor dos Santos, o “Adidas”, de 25 anos.
João Vitor foi flagrado conversando com José Joaquim sobre temas como a “caixinha” (contribuição) paga à facção e a “proibição” de determinadas casas de apostas de operarem em território em que o CV atua.
“Só pode Loteria do Povo”, diz João Vitor em uma das conversas. Adidas foi um dos alvos de uma operação deflagrada em 2022 em que a Draco investigava o acordo entre o CV e a loteria.
Conforme o então secretário da Segurança Pública e Defesa Social Sandro Caron, o pacto rendia até R$ 1 milhão para os cofres da facção, já que a banca repassava 20% de seu faturamento mensal em troca de monopólio nas áreas onde o CV age.
Fonte: Sistema Paraíso
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