O medo de parar no semáforo ou desviar por
um rua indicada faz com que os fortalezenses mudem seus caminhos,
atitudes e até sua própria cidade. A sociabilidade que surge com a
violência, potencializada pelos relatos disseminados nas redes sociais,
cria novas práticas de viver e de se locomover. E não adianta apenas
policiamento. “Se tem policial em uma esquina, a outra acaba sendo a
opção para o crime”, frisou o pesquisador do Laboratório de Estudos da
Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Silva. Para
ele, o medo é reflexo do próprio trânsito, que agrupa os carros, gera
transtornos e não exibe soluções. “Nossa cidade vai produzir sensações
de insegurança em vários locais, consequência das nossas taxas de
criminalidade”, destacou. Tal cenário faz com que os motoristas criem
mecanismos de fuga e, muitas vezes, desrespeitem direitos e normas. “Tem
gente que entra em rua na contramão, fica em cima da faixa de pedestre,
não respeita o limite de velocidade. Isso porque já soube que naquele
bairro ou naquele sinal aconteceram assaltos”, exemplificou Marcos. O
cidadão, amedrontado, acaba não tendo mais direito ao espaço público.
Essa é a conclusão do pesquisador, que ressaltou a necessidade de cruzar
políticas públicas que mudem a atual realidade. “No caso do trânsito,
estratégias são tomadas para facilitar a fluidez, mas muitas vezes
acabam não estando de acordo com os órgãos de segurança”, avaliou. O
congestionamento, para ele, já é resultado da sensação de perigo
constante. “As pessoas não andam de ônibus porque, além da falta de
estrutura, acham perigoso. Isso leva mais carros para as ruas e acentua o
congestionamento, os desvios, as obras e o medo”, concluiu. (Sara Oliveira)
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