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Queda na temperatura afasta risco de "El Niño" no Ceará

A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) acompanha semanalmente a evolução da temperatura das águas superficiais no Oceano Pacífico Equatorial e vem observando, nos últimos 20 dias, uma redução gradual em relação ao verificado em junho passado.

Esse é um indicador positivo, pois quanto mais quente, maior a chance de ocorrência do "El Niño", que pode determinar mais um ano de estiagem no sertão cearense.
Depois de três anos seguidos de seca, a preocupação sobre possível ocorrência do fenômeno meteorológico El Niño é crescente em todo o Estado. Nos meses de maio e junho passados, havia um forte indicador de formação deste fenômeno para o segundo semestre deste ano. "Atualmente o fenômeno ainda não se caracteriza", afirma o meteorologista da Funceme, Leandro Valente.

"Ainda é cedo para uma avaliação definitiva se o aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial vai persistir, pois a temperatura sofre variação ao longo do ano". A probabilidade atual de ocorrência do "El Niño" no primeiro trimestre de 2015 é de mais de 60%, de acordo com Valente. "Os dados atuais podem mudar, variar", ressalta.

"Somente em dezembro próximo teremos condições de oferecer uma avaliação mais definitiva para os primeiros três meses de 2015", diz ele.

O ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, em declaração à imprensa, disse que o fenômeno "El Niño", que influencia na quadra chuvosa do Nordeste, encontra-se em situação considerada neutra, com possível moderação. A afirmação coincide com os dados obtidos por monitoramento da Funceme. Para o ministro, 2015 poderá não ser de estiagem como se previa há três meses. Teixeira mostra-se otimista para que ocorra um inverno regular no semiárido cearense.
Essa é a torcida do sertanejo, agricultores, moradores de áreas que enfrentam crise de desabastecimento e das autoridades municipais e estaduais que sofrem diariamente pressão da população ante o quadro de escassez e de dificuldades para se obter água de qualidade para o consumo humano.

"Se ocorrer uma nova seca será o caos", disse o secretário de Agricultura do município de Pedra Branca, no Sertão Central, Antonio Mineiro Neto. "Poços profundos foram perfurados, não houve vazão, açudes secaram e a água que chega às torneiras das casas acaba daqui um mês, no distrito de Mineirolândia, que tem 10 mil habitantes". Esse quadro de desabastecimento ocorre na maioria dos municípios cearenses.

O ministro Francisco Teixeira aguarda novos estudos sobre o "El Niño" e seus impactos no Nordeste. O fenômeno se caracteriza quando ocorre a elevação da temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, isto é, no entorno da linha imaginária do Equador. O aquecimento contribui para a ocorrência de estiagem no semiárido nordestino, influenciando fortemente na quadra invernosa (período de chuva que se estende de fevereiro a maio).

Em meados de junho passado a temperatura do Oceano Pacífico na região do Equador variava entre dois, três graus Celsius acima da média para o período. "Nas últimas quatro semanas observamos uma redução da temperatura, anomalias menores", frisou Valente. Os meteorologistas também torcem para que o fenômeno não se verifique.
São necessários pelo menos cinco trimestres seguidos de temperatura elevada em relação à média para caracterização do fenômeno "El Niño". Essa variação, entretanto, é mínima, de meio grau Celsius. Não é apenas o fenômeno que exerce influência sobre a quadra invernosa no Estado. A temperatura do Oceano Atlântico também tem contribuição e, mais uma vez, o limite é a linha equatorial.

O Oceano Atlântico Sul deve permanecer mais quente que o Atlântico Norte, no entorno da região Nordeste, para não impedir a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é formação de intensas nuvens de chuvas, principal sistema causador de precipitações sobre o Estado.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ainda não divulgou prognóstico, mesmo que parcial, para o trimestre que inclui dezembro próximo, janeiro e fevereiro de 2015.

O monitoramento da temperatura das águas superficiais dos oceanos é feito semanalmente pela Funceme, e também pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos e Inpe, entre outros centros de meteorologias nacionais, em parceria com instituições meteorológicas dos Estados Unidos e da França a partir de boias instaladas nos mares. É o Projeto Pirata. Os dados são também distribuídos para centros de estudos de outros países conveniados.

Mais informações

Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme)
Fortaleza
Fone: (85) 3101. 1117
www.funceme.br

Fonte: Diário do Nordeste | Foto: Honório Barbosa

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